domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre Lar

Uma ótima forma de começar o ano, é começar perdendo. Perdendo o pseudo-namorado, o emprego, a chance de escolher uma boa faculdade e o direito de morar sozinha. Pior ainda, me dando conta que perdi pessoas que não vou conseguir recuperar. Tô tentando seguir a filosofia "durdeniana" de que "é somente depois de perder tudo que você está livre pra fazer tudo" e agora, eu tô livre pra fazer tudo. Mas na boa, enfiem a liberdade no cu.

Querem me arrastar de volta pro interior. Abandonei a faculdade, meu concurso era temporário, o Enem cancelou minha redação e "Porra, Gabriela, você já brincou de casinha nos últimos seis anos e meio e não fez nada de útil. Já tivemos paciência demais, te damos todo esse tempo pra você escolher o que queria e veja bem, você não está no mesmo lugar em que estava quando saiu daqui aos dezesseis. A única diferença, é que você está velha." Claro, eles não dizem isso. Mas eu posso ler nas entrelinhas. Eu posso dizer isso a mim, faz todo sentido.

Eu não fiz oposição, afinal, eles estão certos. Até tentei me convencer de que queria ir pra casa, de que seria bom não ter que arrumar minha cama, fazer minha comida ou limpar minha casa. De que seria legal poder passar mais tempo com minha mãe e com meus cachorros e que seria até engraçado aturar meu pai e meu irmão. Eu acreditei que seria bom poder voltar a sair todos os dias com minhas amigas de tanto tempo, que ia ser legal ir nas festas nas cidades vizinhas como antes, que ia ser bom não ter que andar de ônibus. Eu estava quase feliz em ir embora. Eu não teria mais que ser forte, eu só seria a filha fracassada com um futuro promissor jogado no lixo. Eu poderia conviver com isso.

Só que então eu percebi que apesar de toda a verdade até agora, tem algo errado. Eu não estou no mesmo lugar que estava aos dezesseis. Eu posso não ter as conquistas que esperavam como um curso superior e um emprego lindo. Mas eu conquistei experiência. Eu conheci a realidade da faculdade, eu capotei um carro, eu descobri o que é trabalhar pra se sustentar, eu viajei o Brasil, eu aprendi a jogar RPG de fórum, eu conheci gente maravilhosa, eu me apaixonei e me desapaixonei, eu entrei numa briga em que meu amigo tomou um tiro e eu ganhei um olho roxo, eu criei um blog e o mantive, eu perdi vôos, eu conheci o mar, eu trouxe quem eu quis pra dormir na minha casa, eu ganhei famílias adotivas, eu adotei gatos, eu fui no Pacaembu ver o jogo do centenário do Corinthians, eu hospedei um colombiano, eu dei festas, eu fui intensamente feliz e infeliz...

Eu não quero ir embora. Eu não sei mais dormir em cama de solteiro, minha mãe ocupou todo meu guarda-roupa, eu não aceito ordens de ninguém, eu não gosto de dar satisfações sobre onde vou. Eu gosto de saber que minha casa é um porto-seguro pros meus amigos, que eles podem correr pra cá se algo de errado. Eu descobri coisas demais sobre o mundo pra conseguir voltar pra dentro do meu casulo e viver feliz nele.

Além do mais... Além do mais, eu descobri o que é ter internet de 3mb e não saberei viver num mundo com internet a 56kb.

Socorro, gente!

Update 03.02.11: Pra completar a sequência de derrotas, o Corinthians me perde pro Trollima na Pré-Libertadores. PQP VCS HEIM?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sobre Nada

Há tempos estou me preparando pro primeiro post do ano, mas acontece que não consegui pensar em nada. Não me sinto apta pra compartilhar nada com ninguém, nem surtos neuróticos, nem histórias engraçadas, nem contos e crônicas nonsenses. Me sinto apática, um estado que tem se tornado bem recorrente na minha vida e que às vezes eu identifico como uma forma que encontrei para lidar com a depressão. Eu não me deprimo. Eu simplesmente deixo de sentir.

Mas não vou deixá-los órfãos de mim, para o bem ou para o mal. Mas é que no momento eu estou me dedicando a uma teoria sobre o tédio, sobre a necessidade desesperada de se fazer algo e da preguiça que dá quando encontramos esse algo pra fazer. Estou relacionando esse sentimento com a sensação de felicidade e vou ganhar dinheiro com isso.

Ou talvez eu esteja só me enganando pra justificar o fato de que não faço nada e esse é um pecado imperdoável no capitalismo.

Feliz 2011, babes. Be right back.