domingo, 10 de junho de 2012

Sobre Poucos Caras

(Não ficou a melhor coisa do mundo - acho que tô passado tempo demais sem escrever - mas vale a intenção. Post dedicado a todas as garotas incríveis que eu conheço mas que só poucos caras foram sábios o suficente pra perceber isso).

Poucos caras sabem dar valor a uma garota que é capaz de mudar. A maioria quer alguém que venha imaculdada de fábrica, esquecendo o valor que os erros e acertos adicionam à uma garota que viveu de verdade, esquecendo que com esse tipo de garota,  ser legal, ter caráter e se esforçar pra ser uma companheira bacana é uma opção de quem conheceu as possibilidades que o mundo oferece e não a falta de opção de alguém alienada e alheia à realidade do mundo ao seu redor. É que poucos caras estão preparados pra lidar com uma garota que tenha o poder de escolha e se assustam até mesmo quando elas decidem escolher eles.

Poucos caras sabem dar valor a uma garota independente. Essas meninas que trabalham, que ganham sua própria grana, que pagam suas contas, que adquirem seus próprios carros, roupas, sapatos e mimos por conta própria e que dividem a conta - e até pagam sozinhas se a sitação demandar isso - são assustadoras. Em que mundo estamos? Cadê o poder masculino? Cadê o direito do homem exercer seu papel de provedor e garantir sua segurança como chefe de família? É que poucos caras estão preparados pra entender que uma mulher independente não está concorrendo com ele. Ela trabalha porque gosta, porque quer, pra ajudar. Mas isso não a torna menos feminina. Ela não se importa que o homem seja o cabeça, mas está pronta pra ajudá-lo, apoiá-lo, aconselhá-lo e instruí-lo se for preciso. É que poucos caras conseguem ver que não é o status financeiro que vai definir a relação entre um homem e uma mulher e sim como eles lidam com isso.

Poucos caras sabem dar valor à garota bonita e comum, preferindo sempre a cobiçada gostosa ou a princezinha inalcançável. Essas moças comuns, que tem o sorriso bonito e talvez o nariz meio achatado, que tem olhos encantadores e alguns quilinhos a mais, não são um troféu digno de nota. É preciso ter um avião ou uma jóia cobiçada, uma prova da sua masculinidade, de preferência com uma faixa: "Todos querem me comer, mas eu decidi dar só pra esse aqui". É que poucos caras se lembram que a convivência faz com que você se acostume até com a mulher mais gostosa do mundo a ponto de torná-la comum. Eles não refletem que a beleza vai embora com o tempo - tanto a das mulheres quanto a dos homens - e que vai ser a forma como ela ri, o jeito como ela te abraça quando você está triste ou cansado, a capacidade dela de respeitar os momentos em que você precisa de silêncio ou o olhar amoroso que ela é capaz de te dedicar todos os dias é o que vai torna-la bela ao seus olhos quando ambos já tiverem rugas, cabelos brancos e idade avançada.

Poucos caras sabem dar valor a uma garota inteligente. Esse negócio de ser contestado, de ouvir "você está errado", de ser obrigado a aceitar que sua decisão não foi acertada, de ter que conviver com o destaque de uma mulher em uma conversa eventual, de ter aquele errinho de português corrigido é muito aborrecido. É que poucos caras conseguem enxergar que há vários tipos de inteligências e sabedorias, e que uma mulher que acrescenta uma - ou umas - dessas inteligências e sabedorias à relação, está somando essas características a eles próprios. Poucos caras sabem enxergar um casal como uno, como duas pessoas diferentes que por opção estão juntos e que passam a ser enxergados como um só na maior parte do tempo. Poucos caras sabem reconhecer que alguém lhe possa ser complementar.

Poucos caras sabem dar valor a uma garota forte. Garotas histéricas, inseguras, instáveis, possesivas e mimadas são mais fáceis de controlar. Essas meninas que conseguem abrir a garrafa de refrigerante sozinhas, que conseguem manter a calma durante as crises ou que lidam com maturidade quando surgem as adversidades são opressoras. É que poucos caras conseguem admitir que também têm medo, que também têm dúvidas. É muito difícil aceitar que o porto seguro muitas vezes é exatamente alguém do sexo tido como frágil.

Poucos caras sabem dar valor à garota que além de namorada/esposa/etc também é amiga. Afinal, amigos amigos, negócios à parte. Confiar em alguém com quem se convive diariamente é complicado, isso dá poder demais à pessoa, é depositar demais em uma pessoa só. É que poucos caras percebem que um namoro/casamento só terá sucesso se a garota ao seu lado for sua melhor amiga. Que uma relação romântico-amorosa é como uma sociedade e cujos bens produzidos vão além dos patrimoniais. Está em jogo a decendência, está em jogo a qualidade de vida, está em jogo o bem-estar. Poucos caras conseguem aceitar que alguém possa ter tanta importância na sua vida.

Poucos caras sabem o que estão procurando. Poucos caras percebem o que têm perto. Poucos caras estabelecem o que é realmente importante em uma garota. E é por isso que tão poucos caras podem se declarar completamente felizes com a garota que têm ao seu lado. É por isso que poucos caras consegum se manter fiéis. É por isso que poucos caras conseguem engatar um relacionamento realmente sério.

Parabéns a esses poucos caras, que daqui a dois dias, poderão comemorar de verdade o Dia dos Namorados. Não porque não estão sozinhos. Mas porque estão com a pessoa certa.