sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sobre Boquete

Esse é o primeiro post da série "Adulterrando o mundo ao seu redor e resolvendo problemas"
(Se alguém pensar em um nome melhor, aceito sugestões)

Todo mundo tem aqueles dias ruins. Aqueles dias em que tudo parece estar dando errado e que fazem com que todas as coisas boas ao redor percam o significado. Nesses dias, seus amigos precisam que você os escute e os ajude. Tem gente que oferece chá. Tem gente que oferece uma massagem. Tem gente que oferece um ombro amigo. Eu ofereço um boquete.

"- Pô, Biela, tô brigado com todos os meus amigos, meus pais não me ligam, minha namorada terminou comigo...
- Nossa, cara, que zica heim?
- Pois é =/
- Quer um boquete pra animar teu dia?"

"- Cara, tô puto. Meu chefe tá um saco e acho que vou ser demitido.
- PQP, heim? E não tem nada que cê possa fazer?
- Pior que acho que não.
- Hmm... Quer um boquete pra aliviar a tensão?"

Existem duas reações iniciais comuns pra esse tipo de oferta:

Reação 1: O_O
Reação 2: HAHAHAAHHAHAHAHAHAHAHAH

Se uma dessas reações aconteceu, você alcançou seu objetivo. No caso da primeira, você chocou tanto a pessoa que por um instante ela até esqueceu dos seus problemas diante do seu evidente desprendimento social e oral (o sentido fica pra vocês escolherem, bgs). Na segunda, você conseguiu ser tão incoerente que fez a pessoa desligar-se do momento ruim e dar uma bela de uma gargalhada. Por experiência própria, geralmente depois do "O_O" vem um "Cê é meio perturbada, né?" e depois do "HAHAHAHAHHAHA" vem um "Eu te amo, cara.". De um jeito ou de outro, você atingiu seu propósito. Parabéns, você venceu na vida.

Uma das desvantagens desse método é que ele só pode ser usado uma vez com a mesma pessoa. Uma vez que você já tenha oferecido um boquete, ela cria uma reação padrão (que costuma ser variáveis da frase "só se for agora") e daí, o objetivo estará perdido. Outra, é o fato de que eu não sei que efeito esse método causa às mulheres. Mas como eu tenho bem mais amigos homens e minhas amigas mulheres (suas lindas) não são muito normais, pra mim tá beleza. Também não recomendo testar esse método com pessoas que você não tenha muita intimidade, mas se você for pensar bem, só o fato de ela vir chorar as pitangas no seu ouvido já merece o oferecimento de boquete. Se não funcionar do jeito citado acima, ao menos assusta a pessoa que irá embora correndo pensando que você é um tarado e você fica livre das reclamações.

Bem crianças, espero que tenham aprendido a lição direitinho. Minha última recomendação, é que você tem que saber quando usar esse método.

"- Minha mãe morreu.
- Pô, cara, sinto muito. Senta aqui, vou buscar um chá pra você."

Por que né? Bom senso, boquete e Biela começam com a letra B.

Att.
Biela, usando pornografia pelo bem da humanidade.


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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sobre Feminismo

Esse é um texto MUITO antigo. Perdi o original, por isso ele vem repaginado, mas a essência é a mesma. Basicamente, é um resumo da minha abordagem sobre a guerra dos sexos: Coletivamente machista, individualmente feminista, eternamente egoísta.

Era só mais um dia comum em uma escola comum de Ensino Médio. Ele vinha de um lado do corredor e sua presença permite-nos fazer a comparação de que era como se o próprio sol desfilasse por ali. Usava jeans, camiseta branca e uma jaqueta nas cores azul e amarelo ao melhor estilo de jogadores de futebol americano - porque era assim que ele se sentia, mesmo que não jogasse futebol americano. Os cabelos eram de um louro-acinzentado natural naquele estilo acabei-de-acordar-e-não-penteei-o-cabelo, acompanhados de olhos não muito marcantes, um nariz proeminente e um sorriso sacana que dá o ar de cara-galinha-que-toda-garota-quer-converter-à-monogamia. Estava acompanhado pelos tradicionais três ou quatro puxa-sacos - onde um deve ser negro, porque temos cotas - e o número de pescoços femininos que se torciam ao vê-lo passar só competia com o número de olhares de esguelha vindos de todos os sexos, carregados de desejo e/ou inveja.


Ela vinha do outro lado e ninguém ligava. Não era bonita o suficiente pra chamar a atenção masculina em uma escola cheia de garotas dispostas a se equilibrar em saltos altos e se apertar em roupas justas e decotadas. Também não era feia o bastante pra ser alvo de chacotas e piadinhas. Era comum. Vestia-se de forma comum. Se você olhasse bem, até que ficava gostosinha no jeans desbotado. Um traseiro respeitável, mas nada que pudesse receber a alcunha de "garupa". Vinha abraçada com os livros que tinha pegado na biblioteca e usava óculos de aros pretos, o que era o suficiente pra ganhar o rótulo de nerd. Seus cabelos estavam presos, mas informalmente, pois fios mais curtos brindavam a liberdade beijando seu rosto vez ou outra. Ninguém a olhava. Ninguém sequer a notava.

Principalmente ele.

Foi um daqueles esbarrões que acontecem, principalmente quando você tem dois elementos: Um cara que se acha bom demais pra ter que desviar de alguém e uma garota que é distraída demais pra se lembrar que está transitando em um corredor movimentado. Um passo e meio pra trás da parte dele. Dois passos cambaleantes da parte dela e seus livros no chão. Encararam-se por alguns segundos. Ela apertou o maxilar e abaixou-se para recolher os livros. Ele deu um risinho de canto que jurava ser natural, mas nem se tocara que aprendeu esse risinho assistindo filmes, como a maioria dos projetos de canalha que você conhece.

- Devia olhar por onde anda. - Ele disse.

Ela levantou o olhar. Depois levantou-se já abraçada aos livros novamente. Abaixou os olhos. Suspirou. Tirou uma das mechas rebeldes que dançavam em frente ao seu óculos.

- Vai tomar no cu seu viadinho de merda. - Respondeu e mostrou o dedo do meio com um risinho indecente no rosto. E esse sim, era natural.

Ela passou no vestibular que queria pra faculdade que queria. Foi morar com duas amigas em um flat. Arrumou um estágio em uma grande empresa. Aprendeu a falar uma terceira língua - porque já era fluente em inglês. Dançou até não conseguir manter-se de pé. Namorou um cara da faculdade. Bebeu todas as bebidas do catálogo de uma boate. Foi morar sozinha. Transou durante um fim de semana inteiro parando apenas pra comer pizza fria, beber Coca sem gás e tomar sorvete de chocolate e às vezes fazia uma dessas coisas sem parar de transar mesmo. Chorou ao telefone com saudades do pai. Formou-se e foi contratada imediatamente pela empresa em que estagiava. Recebeu uma proposta melhor da concorrente, mas ficou pelo plano de carreira que a primeira oferecia e também por uma questão de princípios. Fez mestrado. Viajou pro exterior. Arrumou um namorado italiano. Fez doutorado. Casou-se depois dos quarenta por opção, com um homem que conheceu em uma reunião de negócios. Teve um filho e adotou uma filha. Aos sessenta ainda parecia ter trinta e poucos. Morreu feliz e bem sucedida quase aos cem. Em sua lápide, escreveram "Agressiva e determinada como profissional, quente e doce como mulher, gentil e imponente como mãe, companheira e paciente como amiga e inesquecível em qualquer sentido".

Ele ganhou um carro do pai aos dezoito. Ganhou uma bolsa na faculdade porque era bom em esportes, mas não era bom o suficiente nas outras matérias pra passar em um vestibular pra faculdade pública. Descobriu que na universidade haviam caras muito mais bonitos e mais ricos que ele. Não fez muitos amigos e descobriu que não era tão legal como pensava. Comeu algumas garotas razoáveis, mas nem de longe elas eram as mais bonitas. Bebeu até dar perda total e as fotos em que vomitou em si mesmo foram parar na internet. Estagiou na empresa do pai, mas este descobriu que ele estava desviando uma grana e o demitiu. Bebeu demais de novo e bateu o carro. Formou-se como mediano e arrumou um emprego mediano apenas pelo sobrenome. Casou-se com uma loira linda e histérica. Abriu sua própria empresa. Divorciou-se sete anos depois porque a loira já não era tão linda e estava cada vez mais histérica. Foi à falência. Começou a ficar careca. Engordou. Perdeu o resto de dinheiro que tinha em mesas de jogo. Se pegou olhando para o pênis do cara que mijava ao seu lado no banheiro de um bar. Morreu tomando acidentalmente uma dose excessiva de remédios para dormir.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre Jorge

Eu tô de dieta. Ele sabe disso porque saímos semana passada e eu não encarei a cervejinha. Eu chego em casa e ele fez compras. Vamos preparar o jantar. Ele pega refrigerante pra ele no congelador e tira junto uma garrafinha de refrigerante diet. Não evito o sorriso: "Own, você lembrou!".

Eu acordo faltando dez pras sete, me enrolo na coberta e vou até o quarto dele. "Jorge, já são seis e cinquenta". Volto pro meu quarto e durmo. Ele sai pro trabalho as sete e vinte. Mas primeiro vai até meu quarto. "Gabi, já são sete e vinte".

Acordo no sábado com ele entrando no meu quarto sem bater. "Pô, sabia que quando a porta do meu quarto tá fechada é porque eu tô pelada?". "Você é um macho, fica quieta". "O dragão que você pegou ontem foi embora? Tô com medo de sair aí fora e levar uma cusparada de fogo". "Já, já foi". "Acho que vou passar a te chamar de São Jorge agora". "Vai tomar no cu". Eu dou uma gargalhada.

Ele viaja e não liga. Já é domingo à noite e eu deixo a porta destrancada pra quando ele chegar porque ele perdeu a chave dele. Vou pro trabalho no dia seguinte e ele ainda não chegou. Digo que não vou ligar, que ele já é grandinho. Mas fico preocupada. Digo que quando eu chegar em casa vamos ter que resolver isso. Chego em casa e não dou um beijo na bochecha dele como todos os dias. "Muito bonito, né? Cê devia ter ligado". Ele ri. "Eu fiquei preocupada". Ele não ri mais. Me basta.

Eu chego puta porque passei o fim da tarde e a noite toda resolvendo um problema que não era meu. Ele fica quieto no quarto dele. Ele me conhece bem.

Ele acorda mais cedo que eu e faz um barulho danado. Eu acordo puta e fico deitada pensando sobre os trinta minutos a mais de sono que ele me fez perder. Penso num monte de coisas pra dizer pra ele e imagino mil discussões diferentes. Ele aparece na porta. "São sete e vinte". "Tô esperando o celular despertar pra levantar". Ele ri. Eu esqueço que queria brigar com ele.

Eu tô chorando no colchão da sala porque meu irmão é um vagabundo ordinário e ingrato. Ele me abraça. "Irmãos são assim mesmo". Sinto vontade de estrangulá-lo por não saber consolar. "Vai dormir na sua cama." "Não". Ele diz que vai assistir TV no meu quarto. Pergunta se eu quero mais uma coberta. Pergunta se eu quero que desligue a luz. Pergunta se eu comi e se quero que ele prepare um pão pra mim. Eu digo que não pra todas as perguntas. Ele diz que vai estar no quarto, mas que se eu quiser que ele desligue a luz ou precisar de alguma coisa é só chamar. Paro de chorar e dou um risinho. "Ele se esforça". E então eu consigo dormir.

Homenagem ao meu amigo-irmão Jorge, por tudo, todos os dias.

Sobre ex-namorados - Parte 2

Não, eu não conheci um ex-namorado da minha mãe.

Não pessoalmente, na verdade, já que não costumo ver espiritos e Juan - nome do ex-NOIVO da minha madrecita - morreu em um acidente de carro meses antes dela se casar com o dito cujo! Vamos explicar o que teria acontecido caso Juan, o presunto, tivesse de fato se casado com a minha mãe: Eu teria nascido na Espanha! Não que eu não goste do Brasil, mas poxa, eu tenho paixão pela Espanha e de quebra com os genes espanhóis talvez viesse no conjunto da obra um peitinho além do quadrilzão. Ele era rico, bonito, espanhol e bem educado e ela se casou com um caminhoneiro barrigudo e peludo como que é a cara do Shrek.

Obrigada Deus por me sacanear desde antes de eu nascer. /2votos

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre Ex-Namorados

Conheci um ex-namorado da minha mãe.

Fazendo um comparativo entre ele e meu pai, só tenho a dizer: Obrigada, Deusu, por me sacanear desde antes de eu nascer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobre o Dia das Mães

Ontem à noite eu tossia como um tuberculoso, meu piercing no nariz brincava feliz em sua piscina de catarro e meu ouvido esquerdo doía como se alguém arranhasse as cordas de um violino com uma serra elétrica perto dele. A primeira coisa que eu fiz foi ligar chorando pra minha mãe e desligar um minuto depois com vergonha. Não porque minha mãe brigou comigo ou coisa do tipo. E sim porque ela ficou preocupada.

Porra, eu tenho vinte e dois anos e moro sozinha desde os dezesseis! Até quando eu vou ligar pra minha mãe a cada vez que um problema aparecer?

Minha mãe mora há trezentos e quarenta quilômetros de mim, trabalha os três períodos e às vezes tem que trabalhar até mesmo no sábado. Ela não poderia fazer nada por uma filha que liga no Dia das Mães chorando e dizendo - em uma voz que mistura Darth Vader e Pato Donald - que a infecção de garganta chegou ao ouvido (como fazia quando a filha tinha seis anos de idade). Ela só pode ficar lá, preocupada e triste com sua impotência.

É lógico que mesmo assim eu queria que ela saísse correndo de lá pra vir me dar colo.

Mas minha mãe não é desse tipo, nunca foi. Mesmo quando eu ainda era mais dependente, ela não fazia isso - muito embora eu soubesse que era o que ela faria se pudesse. Fui criada pra ser forte, por opção ou por circunstâncias da vida e não dá pra esperar que minha mãe ou qualquer outra pessoa resolva meus problemas, afinal, a vida é minha e sou eu quem tenho que viver. Crescimento só vem quando vivemos as experiências boas e ruins, e que me desculpem os acomodados, mas eu sou boa demais pra bancar a covarde. Eu ainda quero que minha mãe venha correndo quando choro, quando algo dá muito errado ou quando tô doente, mas sei que isso não vai - e nem deve - acontecer e por isso, sei que quanto mais rápido eu tomar uma atitude, mais rápido estarei livre dos meus problemas.

Coloquei um algodão embebido em álcool no ouvido, tomei uns analgésicos e antialérgico e hoje no caminho pro trabalho passei na farmácia pra comprar um xarope. Vou ligar pra minha mãe na hora do almoço (agora ela tá no trabalho) e dizer que o Entei disse que tá tudo bem agora.

Bem-vindo ao Adult(errad)O.

Feliz Dia das Mães, mãe.
(E obrigada)