terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sobre Eleições


Olha, período eleitoral me deprime. Principalmente porque meu pai é candidato a vereador e isso quer dizer que tenho que manter minhas opiniões devidamente guardadas porque estarei sempre sob a possibilidade de ser chamada de parcial ou ainda pior, posso entrar em um conflito familiar sem precedentes.

É difícil ser uma pessoa analítica e com bom senso. E não, não vou me fingir modesta. Me considero mais inteligente que a maioria das pessoas e francamente? A cada dia que passa essa certeza se confirma. Diante do embate político municipal é NOTÓRIO ver como as pessoas são INCAPAZES de pensar na coletividade, analisar criticamente as propostas e a viabilidade das mesmas, observar o currículo dos candidatos e principalmente, ler as intenções por trás dos principais cabos eleitorais.

Pra começar, a verticalização - em resumo, a verticalização obriga as coligações partidárias feitas a nível nacional serem estritamente repetidas em nível estadual e municipal - foi vetada. Isso quer dizer que não estamos nos Estados Unidos nos dividindo entre republicanos e democratas. Estamos numa zona de partidos que em certos locais são aliados e em outros, inimigos mortais. Não existe partidarismo, não existe bandeira, não existe ideal. Só existe interesse, é tão difícil assim de visualizar?

Em segundo de lugar, convido a todos os curiosos a analisarem os últimos administradores públicos nacionais, estaduais e municipais. E é óbvio que vocês vão reparar que geralmente, dois grupos se revezam no poder. Raras vezes há o surgimento de uma nova liderança. Quem está na máquina pública a usa em seu favor nas campanhas. Quem está fora, mas já esteve lá dentro, usa as falhas da atual adminitração e aproveitam a memória curta do brasileiro pra ocultar as falhas da administração deles, fazendo com que os facilmente iludíveis lembrem-se apenas das "coisas boas", que vêm fantasiadas e maquiadas de tal forma que faz os mais igênuos pensar "mas gente, como nós deixamos esse cara sair do poder?";

Em terceiro lugar, principalmente nas cidades com menor população, política se assemelha muito a futebol. Fora as pessoas que apoiam um grupo para manter seus empregos e interesses, há aqueles que não tem nada a ganhar ou a perder - e que assim, têm ainda mais liberdade para escolher com sensatez - que simplesmente escolhem um lado e torcem como se fosse um jogo de futebol. Gritam, fazem barulho, xingam o juiz (nesse caso, o eleitoral) se ele "favorece" o outro lado, aplaudem se ele "favorece" o lado deles, formam torcidas organizadas, ofendem o adversário, fazem gritos de guerra cheios de difamação e até mesmo partem para as vias de fato. Política não é paixão, minha gente! É claro que envolve ideais e expectativas, mas pelo amor de Deus, envolve principalmente o nosso futuro. A nível municipal então, são coisas que vão nos afetar diretamente e de forma muito mais imediata. Dá pra parar de votar nas pessoas ou no partido, e sim votar nas propostas e principalmente, na capacidade deles de as tornarem reais?

A liberdade de expressão fortaleceu-se muito com as redes sociais. E daí eu vejo um monte de pessoas que não sabe sequer escrever corretamente achando-se os donos da verdade, trocando provocações e obviamente, se atendo aos ataques pessoais porque são INCAPAZES de discutir ideias. Sou contra, falo mesmo. Acho que pra se entrar em um debate, no mínimo, a pessoa deve saber ler e escrever conforme as regras ortográficas básicas. E acho que para votar, a pessoa deveria conhecer um mínimo de política. E é claro que isso não é nenhum pouco conveniente, afinal, o "povo gado" é a maioria e se a maioria começar a criar consciência própria ao invés de caminhar na consciência coletiva, isso colocaria em risco o atual sistema político brasileiro. Não convém. Manter uma população de quase duzentos milhões alienada é muito mais fácil do que ter duzentos milhões de pessoas que pensam. Um perigo esse negócio de pensar, gente.

O melhor de tudo é ver pessoas a falsa neutralidade dos mais esclarecidos. Se um partidário adversário fala alguma besteira, é crucificado. Mas se é um aliado, é aplaudido por sua iniciativa de estar lutando. Estão sempre mordendo e assoprando, afinal, vivemos a realidade hipócrita do - vejam só a palavra - politicamente correto. Politicamente. Hahahaha.

Às vezes eu entendo a ditadura. É claro que é complicado esse negócio de cerceamento de liberdade para a nova geração, mas eu consigo sentir o peso que é ser governada por uma maioria esmagadora de políticos incompetentes, sabendo que a minoria que pensa jamais conseguirá superar a maioria ignorante. E antes de ser chamada de preconceituosa, ignorante não é quem estudou pouco. Ignorante é aquele que foi alienado e manipulado a tal ponto, que não consegue mais chegar a conclusões por conta própria. E antes de ser chamada de "classe burguesa opressora" quero dizer MEU CU DE BOLINHA. Programas de assistencialismo não fazem de um governo um governo solidário e preocupado e sim, um governo esperto o suficiente para fazer o mínimo possível pela sua população e assim, mantê-los dependentes. Afinal, pra que estimular a independência intelectual e financeira? Quem garante que uma vez fora da Matrix, haverá gratidão por aqueles que ofereceram a pílula?

Eu despenderia horas e horas nessa revolta minha ainda, mas tenho que trabalhar amanhã e graças a Deus, não dependo de política pra manter meu emprego. Porque se dependesse, a publicação desse texto comprometeria minha segurança financeira. Entendem agora como é fácil controlar um eleitor? Somos animais, meus queridos. Coloque-nos entre a sobrevivência e nossos ideais e vocês já sabem muito bem o resultado.

Não tenho esperança de que tudo o que eu disse aqui possa servir de algo, além de um desabafo. Mas ainda na esperança, se eu pudesse dar um conselho, abandonem a ideia do "melhor que nada". Oferecer qualidade de vida é uma obrigação constitucional do governo. Não se conformem. Exijam o máximo que puderem.

Eleitor, você é o cliente. E porra, o cliente tem sempre razão.

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