sábado, 4 de junho de 2011

Sobre Hoje

Junho de dois mil e onze e cá estou eu, tentando justificar minha ausência. Mês de maio passou e levou junto o aniversário de um ano do blog, o que é uma grande satisfação pra mim, visto que não sou muito boa em manter as coisas por tanto tempo. Uma pena que eu não tenha comemorado. Uma pena que eu não tenha pensado em nenhum texto bacana pra marcar esse momento. Tudo o que posso fazer é escrever esse texto contando um pouco da minha vida nos últimos meses.

Cheguei em Crixás há três meses e ao contrário do que eu imaginava, não voltei pra uma vida que deixei há sete anos atrás. Eu voltei pra um lugar familiar, um lugar confortável, um lugar onde me sinto segura mas definitivamente, um lugar diferente. Em casa as coisas são diferentes. Ao invés da tensão constante de uma esposa e dois filhos escravizados pelo medo e um marido/pai metido a senhor feudal, encontrei um ambiente onde as pessoas amadureceram. Onde os que tinham medo aprenderam a dizer não, a defender seus pontos de vista, a não se deixar intimidar. Onde o que se achava dono do mundo foi obrigado a conviver com a idéia de que ele não mete mais medo como antes, que respeito é conquistado e não imposto. É claro, meu pai ainda consegue ser absolutamente diabólico às vezes. Chegou a tentar me bater uma vez e me ameaçar uma outra. Se ele conseguir efetivar o intento alguma das vezes, é melhor ele se preparar pro estrago que sou capaz de fazer. Ele está avisado. Todos estão. Defini pra mim que não vou permitir que nunca vou aceitar ninguém me oprimir.

Meus amigos agora são outros. É estranho voltar para o interior onde você nasceu e cresceu e descobrir que poucas pessoas sabem quem você é. Hoje, a maioria das pessoas com quem convivo são pessoas que eu não conhecia antes. Ou pessoas que eu achava que conhecia, mas só agora descobri que não era bem assim. Esse tempo que eu morei fora me deu a oportunidade de começar de novo nas minhas próprias origens. Me deu a chance de ser uma pessoa estranha e ao mesmo tempo, familiar. E também me permitiu enxergar melhor pessoas que eu já conhecia e nunca dei o devido valor. Ou que valorizei mais do que deveria.

É claro, os velhos amigos permanecem. Aqueles que mesmo com a distância, fizeram parte da minha vida nos últimos anos. Esses são as constantes da minha vida. Toda a fórmula pode mudar, mas eles permanecem fazendo parte do resultado final.

Comecei a fazer faculdade de Administração, tô trabalhando em um escritório de contabilidade, comprei uma moto, jogo futebol três vezes por semana, saio pra comer e/ou beber uma cervejinha sempre que posso, danço sempre que tenho oportunidade, passo o máximo de tempo que consigo com a minha mãe, ando um pouquinho mais próxima do meu irmão, tô treinando minha paciência com a minha avó, assisto a corrida todos os domingos com meu pai, arrumei uns peguetes novos - e alguns não tão novos assim - e todo dia quando chego em casa tenho três cachorros que vêm me receber no portão e que transformam até os piores dias em algo melhor. Minha vida social é bem agitada por aqui - não que as programações sejam - e todos os dias eu tenho que tirar um tempinho pra ir ver alguém, o que, embora não tenha matado de vez minha vida virtual, mandou a mesma em coma para a UTI sem previsão de melhoras. É por isso que não apareço mais aqui, nas redes sociais e nos mensageiros da vida com muita frequência. Até as longas ligações via celular perderam espaço, me cansam. Depois de tanto tempo, eu tenho uma vida real que me ocupa e o tempo que sobra dedico com todo amor do mundo à minha cama.

Eu me redescobri, redescobri minha cidade, redescobri as pessoas. Eu, que sempre tive fama de metida e intimidadora, tenho recebido comentários de que eu pareço mais tranquila e provavelmente é o reflexo dessa nova postura que tem possibilitado que mais gente se aproxime de mim. Eu tô feliz. Todos os dias, em algum momento, eu me sinto realmente feliz.

Sinto saudades do blog, dos RPGs da vida, de escrever e de sentir o feedback...

... é só que viver consome muito tempo.

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