segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobre Indiferença

De repente eu percebi que há algum tempo, parei de fazer planos, parei de criar expectativas. Não de um jeito inconsciente, daqueles em que tentamos nos proteger de decepções. E sim de forma maquinal, pelo simples fato de que nada mais me causa grande alegria ou grande dor. A cada dia que passa me sinto mais próxima do limbo, daquele maldito meio-termo que suga a sua intensidade até que tudo pareça não ter mais interesse. Sempre que eu conto a alguém as coisas que aconteceram comigo nos últimos quinze dias, todos se assombram com a agitação louca dessa nave que eu chamo de vida. Mas pra mim, parece não ter nada demais, sabe? Eu fico indiferente a tudo o que antes me deixaria ansiosa. Eu tentei compensar minha frustração comprando, mas nem isso funcionou. E enquanto isso tudo ao meu redor tá um caos e eu não estou nem aí.

De quinta-feira retrasada até hoje, hospedaram-se sete pessoas diferentes na minha casa. Isso sem contar o Jorge, o Victor, o Elielson e a May, que são colega de apê e frequentadores assíduos do apt. 901 do Ed. Tatiana, respectivamente. E olha minha cara de emoção. Olha a minha animação. Olha a minha empolgação. E o pior é que não dá pra dizer que recebi visitas chatas ou caseiras. Não. Só galero do balacobaco. A questão é que eu simplesmente não consigo mais ver graça nas pessoas como via antes. Elas já não me despertam grandes sentimentos. Eu estou tão cansada. Sinto como se estivesse sentada de fora do meu corpo, assistindo a tudo passar no piloto automático. Como se eu fosse o Adam Sandler em Click quando ele aperta flashfoward. Como se eu fosse um copo vazio que não foi lavado. Não há nada que valha a pena ali dentro, mas ainda assim, há algo ali que lembra um conteúdo que não existe mais. Algo que incomoda. Um copo vazio e sujo sempre incomoda.

Será que isso nunca vai acabar?

Cadê motivação? Cadê animação? Cadê orgulho? Cadê aquela vontade louca de contar as coisas pros amigos? Cadê aquela alegria com uma coisa ínfima, cadê aquele amor gratuito que você sente pelo seu amigo quando você percebe que você e ele concordam em algo absolutamente idiota, cadê aquela energia que faz teu dia valer a pena, cadê aquela vontade de saber mais sobre o que não se conehce? Cadê aquele dom de fazer piadinha com minha própria vida? Cadê o humor negro desse post? Cadê eu, minha gente? Cadê eu?

Não posso nem reclamar da vida, do tédio ou da rotina, porque tá tudo agitado ao meu redor. Porque a cada dia é uma surpresa. E eu lá, impassível. Vivendo apenas as lembranças de como eu reagiria a isso antigamente. Apenas lembranças, nada real. Eu não quero um diagnóstico de recaída de depressão. Isso é ridículo. Nenhum dos motivos comuns ressurgiram pra fazer com que eu me deprima! Mas não consigo imaginar outra coisa e então bate um desespero...

Repito: Será que isso nunca vai acabar?

Será que vou viver sempre na balança entre uma empolgação anormal com as coisas seguida de uma total indiferença? Será que vou ter que me afundar em remédios pra induzir meu cérebro a liberar alguam coisa que me faça... sentir?

Vou escutar Jaded. Steven Tyler me entenderia.

2 comentários:

  1. Bem, um tempo se passou Biela, se achou? Acho que um pouco sim, já que eu comentei o post mais recente para depois ler este. Em algum momento nesse texto eu me vi, mas se eu continuasse falando isso iria virar um fórum de auto-ajuda, e sinceramente, prefiro aquele seu humor negro sagaz do que ouvir conselhos sobre a vida nesse momento. Espero que esteja vivendo novamente, se tudo der errado, recorra a injeções de doses altas de adrenalina.
    "o anônimo"

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  2. Isso faz parte do processo evolutivo...
    Bjao! T adoooroo
    D!N!Z

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