sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sobre Rótulos


Sou nerd. Sou periguete. Leio livros de mil páginas em dois dias. Danço até o chão. Ajudo a pagar as contas em casa. Já comprei um vestido de seiscentos reais. Adoro ficar sozinha. Me desespero se sentir que não tem ninguém que eu goste por perto. Jogo RPG. Já entrei em coma alcoólico duas vezes. Já beijei tantos caras numa noite que perdi a conta. Já fiquei quase um ano sem ficar com ninguém. Passei em pra Direito em uma universidade pública. Abandonei faltando um ano e meio. Faço parte de uma associação que ajuda animais abandonados. Tenho mais pares de sapato do que sou capaz de contar. Tenho baixa autoestima. Sou autoconfiante. Sou extremamente maternal. Falo palavrões o tempo todo. Sou doentiamente franca. Falo mal de algumas pessoas pelas costas. Sou responsável. Não sou pontual. Sou uma amiga incrível. Sou uma péssima namorada. Dirijo bem. Prefiro que dirijam pra mim. Tenho o theme song de Power Rangers, O Poderoso Chefão, Fringe e a Marcha Imperial no meu celular. Na mesma pasta eu tenho Mc Catra, Aviões do Forró, Jorge e Matheus, Enrique Iglesias, Linking Park, Adele, The Pixies, Shaman... Adoro maquiagem, roupa, sapato. Jogo futebol. Mato barata por conta própria. Adoro encontrar alguém que me permita ser manhosa. Sou forte. Sou sensível. Detesto ser um peso pras pessoas. Adoro quando elas insistem em me mimar mesmo assim. Sou ótima em português. Sou ótima em matemática. Tenho cachorros. Tenho gatos. Sou corintiana. Bom, sou corintiana. Já fui taxada de puta. Já fui taxada de encalhada. Dou o meu melhor como filha. Mas às vezes quem vira a mãe sou eu. Sou impulsiva. Sou racional. Sou à favor da modernidade. Sou tradicionalista em alguns assuntos. Sou de direita. Não acredito em democracia. Sou carinhosa. Sou estúpida. Sou gentil. Sou agressiva. Sou... teu ego, tua alma, sou teu céu, teu inferno, tua calma kkkkk

Brincadeira gente, na verdade eu só sou louca.



Sério, pode perguntar às pessoas. Porque é assim que elas me chamam quando não conseguem entender como eu posso ser tão antagônica. E bom, talvez eu seja. Talvez eu seja um pouco louca. Talvez eu seja um pouco convencional. Talvez eu seja o que eu bem entender hoje e mude completamente de ideia amanhã.

Nós somos humanos. Não somos garrafinhas que vêm com rótulos pré-definidos, que vêm com um "modo de usar" específico. Somos um prisma. Cada um olha de um ângulo, cada um vê uma cor. O que tem que te preocupar - ou ao menos, o que me preocupa - é a essência. Independente de como as pessoas rotulem seu comportamento, onde você quer chegar? Já parou pra pensar se você realmente quer manter por perto pessoas que te condenam por simplesmente ser espontâneo? Quantas vezes você já se arrependeu do que fez por ressaca moral e quantas vezes você já se arrependeu do que não fez porque teve medo do que os outros iam pensar? Quantas vidas você tem? Já se perguntou "quem é você" ao invés de perguntar "o que é você"?

Hoje de manhã eu estava decidida a não voltar pra casa porque odiava meu pai. Agora vou acordar mais cedo amanhã pra comprar sorvete pra ele. Talvez amanhã eu acorde e fuja de casa. Talvez eu nem acorde. E aí? E daí? Talvez você goste de ser sempre a mesma pessoa. Mas é uma opção sua?

Eu me reservo o direito de acordar todos os dias e pensar "Hoje é o último dia da minha vida". E então, eu me liberto de qualquer convenção social e sou quem eu quiser. E a diferença entre mim e as pessoas que vivem com medo, é que eu sou mulher o suficiente pra arcar com as consequências das minhas decisões.

Hoje eu sou Tyler Durden. Amanhã, Bento XVI.

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