sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sobre Feminismo

Esse é um texto MUITO antigo. Perdi o original, por isso ele vem repaginado, mas a essência é a mesma. Basicamente, é um resumo da minha abordagem sobre a guerra dos sexos: Coletivamente machista, individualmente feminista, eternamente egoísta.

Era só mais um dia comum em uma escola comum de Ensino Médio. Ele vinha de um lado do corredor e sua presença permite-nos fazer a comparação de que era como se o próprio sol desfilasse por ali. Usava jeans, camiseta branca e uma jaqueta nas cores azul e amarelo ao melhor estilo de jogadores de futebol americano - porque era assim que ele se sentia, mesmo que não jogasse futebol americano. Os cabelos eram de um louro-acinzentado natural naquele estilo acabei-de-acordar-e-não-penteei-o-cabelo, acompanhados de olhos não muito marcantes, um nariz proeminente e um sorriso sacana que dá o ar de cara-galinha-que-toda-garota-quer-converter-à-monogamia. Estava acompanhado pelos tradicionais três ou quatro puxa-sacos - onde um deve ser negro, porque temos cotas - e o número de pescoços femininos que se torciam ao vê-lo passar só competia com o número de olhares de esguelha vindos de todos os sexos, carregados de desejo e/ou inveja.


Ela vinha do outro lado e ninguém ligava. Não era bonita o suficiente pra chamar a atenção masculina em uma escola cheia de garotas dispostas a se equilibrar em saltos altos e se apertar em roupas justas e decotadas. Também não era feia o bastante pra ser alvo de chacotas e piadinhas. Era comum. Vestia-se de forma comum. Se você olhasse bem, até que ficava gostosinha no jeans desbotado. Um traseiro respeitável, mas nada que pudesse receber a alcunha de "garupa". Vinha abraçada com os livros que tinha pegado na biblioteca e usava óculos de aros pretos, o que era o suficiente pra ganhar o rótulo de nerd. Seus cabelos estavam presos, mas informalmente, pois fios mais curtos brindavam a liberdade beijando seu rosto vez ou outra. Ninguém a olhava. Ninguém sequer a notava.

Principalmente ele.

Foi um daqueles esbarrões que acontecem, principalmente quando você tem dois elementos: Um cara que se acha bom demais pra ter que desviar de alguém e uma garota que é distraída demais pra se lembrar que está transitando em um corredor movimentado. Um passo e meio pra trás da parte dele. Dois passos cambaleantes da parte dela e seus livros no chão. Encararam-se por alguns segundos. Ela apertou o maxilar e abaixou-se para recolher os livros. Ele deu um risinho de canto que jurava ser natural, mas nem se tocara que aprendeu esse risinho assistindo filmes, como a maioria dos projetos de canalha que você conhece.

- Devia olhar por onde anda. - Ele disse.

Ela levantou o olhar. Depois levantou-se já abraçada aos livros novamente. Abaixou os olhos. Suspirou. Tirou uma das mechas rebeldes que dançavam em frente ao seu óculos.

- Vai tomar no cu seu viadinho de merda. - Respondeu e mostrou o dedo do meio com um risinho indecente no rosto. E esse sim, era natural.

Ela passou no vestibular que queria pra faculdade que queria. Foi morar com duas amigas em um flat. Arrumou um estágio em uma grande empresa. Aprendeu a falar uma terceira língua - porque já era fluente em inglês. Dançou até não conseguir manter-se de pé. Namorou um cara da faculdade. Bebeu todas as bebidas do catálogo de uma boate. Foi morar sozinha. Transou durante um fim de semana inteiro parando apenas pra comer pizza fria, beber Coca sem gás e tomar sorvete de chocolate e às vezes fazia uma dessas coisas sem parar de transar mesmo. Chorou ao telefone com saudades do pai. Formou-se e foi contratada imediatamente pela empresa em que estagiava. Recebeu uma proposta melhor da concorrente, mas ficou pelo plano de carreira que a primeira oferecia e também por uma questão de princípios. Fez mestrado. Viajou pro exterior. Arrumou um namorado italiano. Fez doutorado. Casou-se depois dos quarenta por opção, com um homem que conheceu em uma reunião de negócios. Teve um filho e adotou uma filha. Aos sessenta ainda parecia ter trinta e poucos. Morreu feliz e bem sucedida quase aos cem. Em sua lápide, escreveram "Agressiva e determinada como profissional, quente e doce como mulher, gentil e imponente como mãe, companheira e paciente como amiga e inesquecível em qualquer sentido".

Ele ganhou um carro do pai aos dezoito. Ganhou uma bolsa na faculdade porque era bom em esportes, mas não era bom o suficiente nas outras matérias pra passar em um vestibular pra faculdade pública. Descobriu que na universidade haviam caras muito mais bonitos e mais ricos que ele. Não fez muitos amigos e descobriu que não era tão legal como pensava. Comeu algumas garotas razoáveis, mas nem de longe elas eram as mais bonitas. Bebeu até dar perda total e as fotos em que vomitou em si mesmo foram parar na internet. Estagiou na empresa do pai, mas este descobriu que ele estava desviando uma grana e o demitiu. Bebeu demais de novo e bateu o carro. Formou-se como mediano e arrumou um emprego mediano apenas pelo sobrenome. Casou-se com uma loira linda e histérica. Abriu sua própria empresa. Divorciou-se sete anos depois porque a loira já não era tão linda e estava cada vez mais histérica. Foi à falência. Começou a ficar careca. Engordou. Perdeu o resto de dinheiro que tinha em mesas de jogo. Se pegou olhando para o pênis do cara que mijava ao seu lado no banheiro de um bar. Morreu tomando acidentalmente uma dose excessiva de remédios para dormir.

6 comentários:

  1. Uow, man. Que reviravolta crazy. uAHuhauhAU E eu que pensava que era só mais um conto romantico baseado nos filmes da sessão da tarde. Sensaciaonal xD E o marcadores me divertem

    ResponderExcluir
  2. vc deveria ter mudado o fim, deixava o pegador ser feliz como gay coitado, gay tbm merece um final feliz FIKDIK mas morri de rir com a cota KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    ResponderExcluir
  3. Jah flei q vai ser o Blog mais bombado!!!! Parab'ens Biela!te amo ♥
    Deh

    ResponderExcluir
  4. não sei porquê, mas não consigo parar de rir .-.
    UHAUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAUHA
    <3

    ResponderExcluir
  5. Eu amei, amei mesmo.
    AHUEHEAUIHEUIHAEUIHAUEH, um negro - claro. Foi hilário, típico de filme americano. Amei o final, ele mereceu hm* Todos eles merecem o.o
    HAUIEHUEIAHEUIAHAEIUHE
    Te amo mãezinha (L)

    ResponderExcluir
  6. Bizarro, mas sensacional.
    Dava um história completa de filme americano se eles se encontrassem no final e ela humilhasse ele. auhauhhua

    ResponderExcluir